Vamos começar pelo começo?

Venho de uma família com religiosidade mista, como muitas famílias do Brasil. Sou de 1992, fui Batizada na Igreja Católica, como muitas pessoas do Brasil; Aos 5 anos, lembro até hoje daquela água gelada caindo na minha cabeça e o tanto que eu gritava, recarregava o ar e continuava gritando e chorando, minha mãe conta da vergonha que passou; Mas também fui batizada em um Templo Espiritual de Umbanda quando eu era um bebê, meus pais se conheceram no Terreiro, o batismo na igreja católica ocorreu por mera formalidade. Enfim, frequento o terreiro desde pequena, porém eu nunca acreditei... Eu não gostava do ambiente, não gostava de ter que ficar sentada nas cadeiras enquanto o tambor batia, não gostava de um monte de adulto envolta e não acreditava em nenhuma manifestação que ocorria ali. Aos 6 anos de idade eu e mais uma menina da mesma idade, saímos como índigenas em uma festa de homenagem a Oxóssi. Eu uma criança parda, de cabelos longos escuros ondulados e grandes olhos castanhos escuros e uma outra criança menina, branca, loira de olhos azuis. Nós estávamos homenageando Oxóssi, nem minha mãe, nem meu pai eram de explicar muita coisa, o que mandavam a gente fazia e pronto, não havia contrariação, questionamentos. Fazíamos e pronto. Tem a gravação desse dia em alguma mídia de DVD por aqui em casa, só não sei onde está. Um Homem que ajudava muito a mãe de santo gravou na época em uma camera de VHS e o mesmo formatou anos depois para DVD e entregou aos meus pais como forma de recordação. Quando eu tinha 8 anos meu irmão nasceu ( eu sou a filha do meio, tenho outra irmã mais velha 5 anos). Quando meu irmão nasceu, meus pais se afastaram do terreiro, porque minha mãe achou melhor dar prioridade a outras coisas no momento e voltar quando estivesse com a cabeça mais tranquila. Pois bem, meus pais voltaram quando meu irmão tinha entre 11 e 12 anos, eu no caso, já estava entre 19 e 20 anos, eu estava em outro ritmo da vida e não voltei com eles. Aliás, lembrando... Eu não acreditava mesmo em nada daquilo. O tempo passou, tive meu filho aos 21 anos, mãe solo. Tive mais dois relacionamentos depois da chegada do meu filho. Um deles eu sai da casa dos meus pais e fui morar com ele, durou exatos 10 meses, nada dava certo, tudo desmoronando, eu carregando tudo nas costas como uma boa mulher guerreira (cansada). Em um dia muito esgotada de tudo, nesse relacionamento, questionei em tom de prece, chorando muito porque estava esgotada de remar e não chegar a lugar algum, questionei: - Se não for pra ser, se essa relação que eu tenho hoje não é para dar certo, se é para eu desistir disso, me deixa saber, me dê algum sinal... E foi como se toda aquela angústia, tristeza e pesar, tivesse saído de cima de mim. Como se toda aquela tristeza não existisse mais, os soluços foram cessados. Ali eu entendi o recado de imediato. Voltei para a casa dos meus pais e as coisas começaram a caminhar, eu comecei a frequentar as gíras, ali em 2019 ocorreu a pandemia, passou esse período, quando as coisas foram retomando, as gíras também retomaram com periodo de 15 em 15 dias. E eu voltei a frequentar. No final de 2019 fui jogar búzios com a mãe de Santo, eu queria saber se poderia entrar na corrente. E ela me afirmou da forma mais clara que eu teria de fato que entrar e que era o momento. Em 2020 eu entrei para a corrente espiritual do Terreiro. E ali começou o meu desenvolvimento.

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